sexta-feira, 4 de junho de 2010

Aguinaldo Silva by João Sequeira de Sousa

Em primeiro lugar, Aguinaldo – os meus parabéns!

A facilidade com que posso escrever um texto sobre o Aguinaldo Silva é frustrante porque, felizmente, só lhe conheço as virtudes. Assim, desenrolar uma série de palavras de carácter abonatório parecerá banal e vulgar.

Mas porque hoje celebramos um número simpático de primaveras europeias e outonos pernambucanos dessa figura ímpar da cultura luso-brasileira, recordo um texto que escrevi, quando ainda dava os primeiros passos no blog do Aguinaldo e descobria o caminho para o fantástico mundo Silva.

Nessa altura, fiz uma pergunta retórica: Aguinaldo, você é um homem decente?

Eis a minha resposta, revista e actualizada, como presente de aniversário:

Aguinaldo, és um homem decente?

Espera.

Não respondas já porque eu vou fazer outra pergunta: o que é decência? Alguém sabe dizer-me o que é isso? Não falo da decência religiosa, hipócrita, literária, partidária ou filosófica. Falo da decência humana. Alguém sabe?

Bom, eu não sei, porque hoje em dia cada vez é mais difícil encontrar um significado concreto para qualquer tipo de conceito que esteja relacionado com ética. Mas posso ir adiantando algumas tentativas de definir o que é um homem decente.

Um homem decente é aquele que é honesto, digno, transparente. Um homem decente é aquele que está disponível para estar perto e ajudar os seus. Um homem decente é aquele que não tem pudor em revelar que errou, que erra e que vai errar. Um homem decente é aquele que chora, ri, nos tranquiliza em momentos difíceis. É aquele que dá a cara, que assume, que fala. Por isso agora eu volto a perguntar: Aguinaldo, és um homem decente?
Posso dizer, sem margem para
dúvidas, que o és.
Em primeiro lugar, pela disponibilidade que demonstras em ter um blog, acessado por milhares de pessoas, emitindo as tuas opiniões, juízos de valor, emoções e histórias mais íntimas. Até aqui, tudo bem, é a veia jornalística; o que transcende é a interacção feita com pessoas que disponibilizam instantes da sua vida para interagir contigo. Isso não é importante? Saber que uma pessoa pensa “em ti” pelo menos uma vez por dia? Como dizia o outro, não interessa se falam bem ou se falam mal - o que importa é que falem. E medimos a importância que temos contabilizando os comentários maldosos que fazem sobre nós. E nesse quesito, Aguinaldo, se ganhasses um euro por cada comentário maldoso que fazem de ti, estavas milionário.

Em segundo lugar, pela frontalidade. É a história da galinha velha que cuida dos seus pintinhos. Quem escreve para ti não tem vergonha em dizer os maiores disparates, em falar da sua vida privada, em revelar os seus sonhos. E a todos eles tens uma palavra de carinho, de conforto, de incentivo. Mas quando é para “rodar a baiana”, ela também roda e com velocidade.

Em terceiro lugar, por aquilo que tu representas para muita gente. Um simples texto teu, uma simples palavra pode mudar a vida de uma pessoa. Particularizo, e sem querer transformar este espaço numa espécie de recinto mistíco-religioso, porque, afinal de contas, o “César” és tu: há um ano e tal estava sem rumo, descontente com a minha vida, sem saber para onde ir. Bom, na realidade ainda estou... A diferença é que na altura alimentava um desejo, que era escrever, mas nem sequer começava a fazê-lo porque sabia que não ia chegar a lugar nenhum. Hoje, já escrevi um livro (que está guardado para ser revisto), uma sinopse para uma telenovela (que está a ser analisada por dois canais televisivos portugueses – pelo menos, foi o que uns senhores muito simpáticos me asseguraram por email), trabalho na “escaleta” do meu segundo livro, estou cheio de projectos e, o que é mais importante, esperanças. E tudo graças a ti. Um dia, quando chegar onde quero chegar – e acredito que estou quase lá – terei que te agradecer e apresentar-te as minhas sinceras homenagens.

Fica muita coisa por dizer, mas já fica muita coisa dita. És um homem decente e és atacado porque geras paixões, porque és digno. E isto não é puxa-saquismo. Se o considerarem como tal, o problema não é meu. Apenas acho que se deve respeitar uma pessoa que através de palavras, muda o quotidiano de milhões - MILHÕES - de pessoas. Há que celebrar o Aguinaldo, que tem o dom de escrever, o dom de mudar a vida de pessoas, nem que seja uma hora por dia. Há que valorizar, respeitar, acarinhar o senhor que ele é. Idiotas vão existir sempre. A inveja é uma merda mas Aguinaldo há só um.

E agora, homem decente, ergue uma taça de champanhe, celebra o teu aniversário e a tua existência e vai lá escrever mais um sucesso para nos fazeres felizes.

Parabéns!